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Autismo

A Perturbação do Espectro do Autismo

O que é a Perturbação do Espectro do Autismo (PEA)?

A Perturbação do Espectro do Autismo (PEA) é uma perturbação do neurodesenvolvimento que se caracteriza por dificuldades ao nível comunicação e interação social, associadas a comportamentos repetitivos e/ou interesses restritos e específicos. A designação de espectro foi atribuída pela variabilidade dos sintomas, desde as formas mais leves até às mais graves. Não há duas pessoas que estejam exactamente no mesmo ponto do espectro, não há duas pessoas que sejam afectadas exactamente da mesma forma por esta alteração do desenvolvimento. A PEA é mais frequente diagnosticada em indivíduos do sexo masculino - 4:1 (em 5 crianças, 4 são rapazes e uma rapariga).

Quais os sinais e como se manifesta?

O autismo manifesta-se habitualmente nos primeiros 3 anos de vida, altura em que é esperada uma grande evolução nas competências de comunicação das crianças.

Alguns sinais de alarme incluem:
- Não utilização do contacto ocular para comunicar, por exemplo, fazer pedido (pode estar presente, mas não com esta intenção), bem como dificuldades de expressão ao nível da comunicação não verbal (por ex. ausência de expressão facial)

- Não reagir quando chamam o seu nome;
- Não se envolver em brincadeiras ou jogos de imitação;
- Não interagir ou se relacionar com os outros;

- Apresentar comportamentos repetitivos como rodar objetos ou alinhar formas e cores;
- Ter Interesses bastante restritos;
- Baixa tolerância à frustração e dificuldades em se controlar;
- Hiper ou hiporreatividade a estímulos sensoriais (sons, temperatura/dor, texturas);

No entanto, é necessária uma avaliação detalhada e integrada para confirmar o
significado destes sintomas, uma vez que algumas crianças têm sintomas isolados
que não correspondem necessariamente ao diagnóstico de PEA.

A importância do Diagnóstico Precoce

O padrão de desenvolvimento é muito variável durante os primeiros 30 meses. Quando é detectada uma alteração desde muito cedo as perturbações observadas podem ser totalmente diferentes. Muitas vezes o diagnóstico é feito com base na ausência de comportamentos esperados (como o contacto ocular para comunicar, ou antecipar comportamentos) e não na presença de sintomas.

Durante a infância, para ser realizado um diagnóstico de autismo, existem critérios
que devem estar presentes:

- Défices clinicamente significativos na comunicação e interação social (Défice na reciprocidade socio-emocional; Défice na comunicação não verbal usada na interação social; Défices no desenvolvimento, manutenção e compreensão de relacionamentos apropriados à idade).
- Padrões de comportamento, interesses e atividades restritos e repetitivos, atualmente ou ao longo do desenvolvmento (Discurso, movimentos motores ou uso de objetos estereotipados ou repetitivos; Adesão excessiva a rotinas, padrões ritualizados de comportamentos verbais (ecolália) e não verbais ou resistência excessiva a mudanças;
Interesses anormalmente restritos e fixos, na intensidade ou foco; Hiper ou hiporeactividade a estímulos sensoriais).

 

A avaliação clínica permite compreender o perfil e funcionamento de cada criança, sendo que a heterogeneidade destes dentro do espectro é extensa e é necessário elaborar e implementar estratégias específicas e adaptadas às

necessidades de cada uma, de forma a potenciar as suas capacidades e promover uma melhor adaptação e funcionamento nos seus contextos de vida diários.

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A Importância da Intervenção Precoce​

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Os estudos de eficácia confirmam que a idade de início, assim como o carácter sistemático e intensivo da intervenção, são as variáveis determinantes para o sucesso dessa mesma intervenção. Existe uma maior plasticidade cerebral nas
fases mais precoces do desenvolvimento neurológico, a qual poderá permitir mais oportunidades para ultrapassar défices do desenvolvimento neurológico durante os primeiros anos de vida. A intervenção precoce é igualmente fundamental para prevenir os efeitos que são causados pelos défices precoces e que interferem com o desenvolvimento mais tardio. É portanto consensual, a necessidade de iniciar a intervenção durante a fase em que a plasticidade cerebral ainda permite o estabelecimento de competências ou pilares desenvolvimentais básicos sobre os quais assentam, em grande parte, as possibilidades de desenvolvimento posteriores.

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O Autismo nas Meninas e Raparigas

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As raparigas com PEA podem passar despercebidas nos primeiros anos pelo facto de poderem ser interpretadas mais como personalidades passivas e inibidas do que como raparigas com incapacidades sociais.
- As raparigas com PEA podem não atrair a atenção, ao contrário dos rapazes com PEA que introduzem um fator perturbador na sala de aula;
- As raparigas com PEA também podem evidenciar interesses perseverantes e restritos (como boneca
s Barbies, Hello Kitty, unicórnios, cavalos e póneis, animais, entre outros);
- As raparigas com PEA que têm dificuldade em manter o contacto visual são habitualmente vistas como tímidas, reservadas, embaraçadas ou ingénuas e inocentes, e não como raparigas com fracas capacidades sociais, inerentes a uma perturbação do espectro do autismo.

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